Dr. Paulo Lima
Ouvi há poucos instantes no rádio, vindo para o trabalho, que repercutiu muito e ainda está repercutindo, a frase dita por LULA em entrevista concedida à Rádio e Televisão de Portugal (RTP), veiculada neste sábado, dia 26, na qual, entre outras “pérolas”, Lula disse que grande parte do julgamento do processo do “mensalão” foi de natureza política. Para mim, frases como estas, ditas por Lula, não é nenhuma novidade. O que mais me impressionou, no entanto, foi o ex-presidente renegar de público velhos “e fieis” companheiros que se viram envolvidos no chamado “escândalo do mensalão” e que se encontram atualmente presos, a exemplo de José Genoino, Delúbio Soares, José Dirceu, dentre outros. A verdade é que eu morro e não me acostumo com estas coisas que ocorrem na política e quando penso que já esgotei todo o repertório dos meus repetidos artigos, vem sempre uma novidade, que me faz acreditar, cada vez mais, que essa tal de política é mesmo “um roçado de cabras-safados”!
Ora, minha gente, acredito que a esta altura do campeonato não cabe mais discutir se o julgamento da Ação Penal 470, pelo Supremo, onde foram julgadas, condenadas e presas, figuras de popa do Partido dos Trabalhadores foi, ou não, um julgamento político, já que, muito embora os Ministros do Supremo sejam escolhidos por um critério político, não se pode, nunca, afirmar que ali se encontra um tribunal de feições políticas. No caso, sou forçado a concordar com o Ministro JOAQUIM BARBOSA, Presidente do Supremo, quando repudia as declarações do ex-Presidente, no mínimo infelizes e que não deveriam ter sido dadas, em homenagem ao honroso cargo outrora ocupado por LULA, e em respeito ao Supremo Tribunal Federal, mormente porque, repise-se, acerca do julgamento não cabe mais quaisquer discussões, seja de natureza jurídica nem muito menos política.
O que me espanta, mesmo, é que na própria entrevista LULA tenha renegado os antigos companheiros, que foram envolvidos no escândalo do mensalão e por isso mesmo foram condenados e presos, a ponto de falar sobre eles na terceira pessoa, como se não os conhecesse. É certo que LULA, tal como o discípulo Pedro, que negou por três vezes o seu mestre, Jesus, já os teria renegado outras vezes, quando afirmou, ainda na Presidência da República, que teria sido traído e que não sabia de nada... Mas Lula não é nenhum santo e, no meu entender, está mais para Brutus, que, por ganância e sede de poder não teve dúvidas de apunhalar pelas costas o grande Júlio César, general romano, responsável direto pela grandeza do Império Romano e seu pai por adoção. E perdoem-me algum de vocês, se acham que estou sendo rude com tal comparação.
E se faço esta afirmação é porque entendo que companheiros, amigos, estejam ou não politicamente ligados, não podem trair jamais, mesmo porque nenhuma causa, nenhum objetivo, por mais nobre que possa ser, justifica a traição. No mínimo, para ser justo, ou coerente, Lula deveria reconhecer que os seus companheiros erraram e mesmo reconhecendo o erro ficar ao seu lado; mas, renegá-los, nunca!
Ora, diriam vocês, que me leem nesse momento, qual é a novidade, “cara pálida” se o que mais se vê nesse mundinho da política são traidores? É verdade, tenho que reconhecer, mas reafirmo que não deveria ser assim.
Entretanto, como costumo dizer, a política á assim mesmo, “um roçado de cabras safados”! Sim, e antes que esqueça, abre os olhos, Vertentes!
Um abraço a todos.
Paulo Lima é Advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal