“A verdade é filha do tempo, não da autoridade!”
Pois meus amigos, há muito não tenho escrito minha coluna, por pura indignação e raiva, pela inércia das instituições responsáveis por salvaguardar o direito das pessoas, da sociedade, aqui e no resto do país.
Confesso que já não consigo elaborar e transcrever num texto, uma idéia, discorrida de forma coerente, numa linguagem clara e de fácil assimilação, sem ter que me esforçar em manter a concentração. A todo instante me pego pensando, em como as pessoas são desrespeitadas nos seus direitos mais básicos e aí.... já perdi o fio da meada, o texto sumiu da minha mente e preciso recomeçar.
Minha indignação anda tão forte, porque, apesar de muito novo, vivi épocas semelhantes a que estamos passando agora. Graças aos meus pais, tudo que aconteceu naqueles sombrios anos do governo João Goulart, período pré-golpe militar, ainda está gravado na minha mente.
Naquela época, como agora, os direitos civis foram sendo maculados, retirados e manipulados, um-a-um, até que não houvesse mais direito e o golpe se consumasse, sobre um falso pretexto de ingovernabilidade, por uma possível interferência comunista.
Lamentavelmente, hoje, a história começa a se repetir. Parte da Justiça, sob o suposto manto da defesa da sociedade, quebra regras básicas, fere a Constituição e se coloca à serviço de uma elite. Elite esta que, vendo um futuro contrário aos seus interesses, age sem pudor pela mão de um magistrado alinhado em suas fileiras, que há muito deixou de ser o esteio da Constituição. Que primeiro define quem é o culpado, para depois procurar provas de sua culpa e, sem a mínima cerimônia, se transforma no carrasco executor de um plano midiático, cujo único objetivo é destruir a reputação de um líder mundialmente reconhecido e possivelmente o próximo obstáculo deles na retomada do poder.
Ninguém está acima da Constituição, principalmente um juiz federal, que deveria zelar pelo seu cumprimento e se declarar inapto (no final da coluna a verdade) a conduzir um processo de tamanha importância.
Abusos de um Juiz de província
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, foi o primeiro a se manifestar sobre os acontecimentos de ontem, sexta-feira, 04 de Março, contra o ex-presidente Lula, que sequer foi intimado, sendo conduzido a Curitiba de forma coercitiva, na “tora” como dizemos por aqui. Disse o ministro: “... o juiz Moro estabelece o critério dele, de plantão”, o que seria um risco. ... Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros.”
Abusos da Lava Jato
O governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) foi o primeiro governador a se manifestar, sobre o que ele batizou de “Espetacularização da Justiça e Ignorância dos Direitos Fundamentais. Disse ele: "Direitos fundamentais estão sendo ignorados e onde nobres e necessários objetivos legalistas cada vez mais se confundem com desejos e estratégias de correntes políticas e de algumas elites econômicas retrógradas. Espetacularizaram a justiça e a política", e completou: “... essa simbiose é muito perigosa para o Estado Democrático de Direito. Não se trata de defender a impunidade. Se trata de ser contrário a toda uma clara e evidente manipulação, que está ocorrendo onde direitos fundamentais não estão sendo observados".
Tiro no pé
O deputado federal Silvio Costa (PTdoB-PE) foi mais enfático sobre a manobra com a intenção de desgastar Lula. Em entrevista ao Blog da Folha, ele disse: “A gente sabia que a qualquer momento poderia ter uma ação como essa aí. Não vão pegar o presidente Lula” e completou: “Acabaram de eleger Lula presidente em 2018”.
Quem é quem
Acima, escrevi que o juiz Sérgio Roberto Moro deveria se considerar inapto, para conduzir a Lava Jato ou qualquer outra investigação de corrupção no país, porque ele é filiado ao PSDB do Paraná, desde 15 de Agosto de 1999. Seu registro é o de número 6.252.100.698, sua Zona Eleitoral nº 8, seção 121, na cidade de São José dos Pinhais. Sua filiação ao PSDB, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é Oficial e encontra-se Regular, tendo 16 de Outubro de 2015, como Data do Processamento.
Legalmente, não se pode levantar suspeita por conta de uma simples filiação. Mas no caso, como se trata de um juiz federal, Moro, a bem da lisura, da ética e do interesse da Justiça, não poderia se permitir estar à frente de um processo de investigação de corrupção política no país. Ele sabe que não poderia, mas também pela inércia das nossas Cortes superiores, está acontecendo. A elite, sem o mínimo pudor usa de todas as armas, morais e imorais, para retomar o poder.
Como diz Bemvindo Siqueira em seu canal O Sassarico no Youtube.com: “A verdade é filha do tempo e não da autoridade!”.
Pensem nisso, enquanto lhes digo até a próxima.
