domingo, 24 de outubro de 2010

Número de vítimas da epidemia de cólera no Haiti passa de 200

Mais de 200 pessoas morreram no Haiti como consequência de uma epidemia de cólera declarada no país, anunciou neste sábado o diretor-geral do ministério da Saúde, Gabriel Thimoté. O alto funcionário disse em uma coletiva de imprensa que foram registradas "mais de 208 mortes", das quais 194 ocorreram no departamento de Artibonite (norte) e 14 no centro do país.

Cerca de 3 mil pessoas estão internadas em hospitais e centros de saúde, que muitas vezes se veem sobrecarregados pela falta de infraestrutura, segundo números fornecidos neste sábado (23) por autoridades sanitárias haitianas.

"A situação está sob controle, a população não deve entrar em pânico, é necessário, pelo contrário, respeitar as medidas de higiene", recomendou o médico Jocelyne Pierre-Louis, funcionário do Ministério da Saúde.

Risco à capital
O governo e parceiros se esforçam para evitar que o cólera atinja a capital do Haiti, Porto Príncipe, com 1,3 milhão de habitantes e ainda afetada pelo terromoto que matou 300 mil pessoas no país em janeiro de 2010.

Nas ruas da capital, o medo de contágio é grande, devido a campos com pessoas, superlotados, em praças, ruas, parques e até em campos de golfe da cidade, que apresenta problemas de infraestrutura.

O cólera pode matar em apenas poucas horas, devido à desidratação que acarreta no organismo. Transmitida por água e comida, a doença pode ser aliviada com o consumo de água tratada, com um pouco de sal e açúcar.

O ministro da Saúde do Haiti, Alex Larsen, orienta a população a lavar as mãos com água e sabão, evitar vegetais crus, ferver toda comida e evitar banhos em rios. O rio Artibonite, que irriga o centro do país, está contaminado, segundo especialistas.

O porta-voz da ajuda humanitária da ONU, Imogen Wall, afirma que o Haiti possui antibióticos suficientes para tratar 100 mil casos de cólera e fluidos intravenosos para 30 mil pessoas.

Vizinho em alerta
As autoridades da República Dominicana reforçaram as medidas de precaução e vigilância epidemiológica na fronteira devido ao surto de cólera no vizinho Haiti. O ministro da Saúde Pública, Bautista Rojas Gómez, afirmou que a situação está "sob controle" e que está preparando os postos de saúde localizados ao longo da fronteira com médicos especializados, insumos, medicamentos e uma campanha de educação à população.

A Organização Pan-Americana da Saúde alertou as autoridades dominicanas para que adotem medidas de prevenção frente à possibilidade de que o surto de cólera detectado no Haiti se espalhe para o território vizinho.

Embora Rojas lembrou que o cólera não se transmite de pessoa para pessoa, disse que as medidas de controle deverão ser severas, já que o contágio se dá por contaminação da água e de alimentos.

Na República Dominicana mora um milhão de haitianos, a maioria em situação ilegal, e ambos os países mantêm tráfego permanente na fronteira comum.


Fonte: G1