O jornalista José de Sousa Alencar, o Alex, que durante muitos anos participou da vida cultural e social de Pernambuco, faleceu neste sábado, após um agravamento no estado de saúde. Alex faleceu durante a madrugada no Hospital Santa Joana, onde estava internado há pouco mais de duas semanas. Alex havia sofrido um AVC e, mais recentemente, um infarto. O corpo dele foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Litoral Norte do Estado.
Alex, nasceu em Água Branca, no Sertão de Alagoas, em 1926 e foi um dos pioneiros na apresentação de programas de TV, um dos colunistas sociais mais reconhecidos do Estado, crítico de cinema, cronista e pintor. “Tive uma infância pobre, muito pobre. Minha mãe (Dona Sinhá, com quem tinha uma ligação muito forte) se separou do meu pai quando eu tinha 6 meses. Ela ensinava de manhã e de tarde e costurava à noite para manter a casa. Estudei em grupo escolar, o D. Pedro II, lá em Maceió, onde hoje funciona a Academia Alagoana de Letras. Tempos depois nos mudamos para o Recife, e eu, que pensava em fazer medicina, desisti. Então eu fiz direito na Universidade Federal de Pernambuco”, recordou Alex ao ser entrevistado pelo jornalista Jorge José B. Santana, em 2006, para o livro A televisão pernambucana por quem a viu nascer.
O jornalismo também chegou cedo à vida de Alex e ele passou pelas maiores redações do Estado. Quando ele estava no segundo ano da faculdade, começou a escrever sobre cinema no Diario de Pernambuco, assinando com o pseudônimo Ralph. “Fiz durante uns oito anos críticas de cinema. Até então, não existia televisão e a grande diversão do público era ir ao cinema. Toda semana estreavam de seis a oito filmes”, relata o jornalista no livro de Jorge José. No Jornal do Commercio, assinou por mais de cinco décadas uma prestigiada coluna social que marcou época. E ainda publicou suas crônicas na Folha de Pernambuco.
Foto: Alexandre Belém/JC Imagem
Além de se dedicar ao colunismo social, Alex transformava observações sobre o mundo à sua volta em crônicas, publicadas no jornal e reunidas em livros, como Setenta crônicas de Alex. A atuação como cronista começou em 1964 – e a data tem mesmo uma relação com o período da ditadura no Brasil. Em sua coluna, Alex contou que o presidente Castelo Branco tinha um relacionamento com uma professora da Universidade Federal de Pernambuco. A atitude desagradou aos militares e ele acabou preso. “Foi inacreditável para mim ter passado por algo assim, porque nunca tive qualquer envolvimento com o comunismo ou nada parecido. Eu fiquei tão transtornado com essa prisão, que decidi fazer outro gênero, além do colunismo social, para mostrar meu potencial a essas pessoas. Escrever foi meu recurso para lidar com o trauma”, lembrou em 2005, ao ser entrevistado pelo jornalista Schneider Carpeggiani.
REPERCUSSÃO
Paulo Câmara, governador de Pernambuco - "Perdemos uma referência do jornalismo pernambucano, em especial do segmento cultural e social. Alex teve uma trajetória longa e atuante, formando novas gerações e ajudando a construir páginas importantes da história da nossa Imprensa. No entanto, talvez o aspecto mais marcante de Alex, nos últimos anos, tenha sido sua determinação em continuar no batente, em continuar escrevendo, paixão que transformou em profissão.”
Geraldo Júlio, prefeito do Recife - "Ele era uma pessoa agradável, amiga, que estava sempre à disposição. Acredito que não só o meio jornalístico, mas toda a sociedade recifense sente uma dor muito forte pela perda de Alex."
João Carlos Paes Mendonça, presidente do grupo JCPM - "Alex deixa um legado para o jornalismo pernambucano. Sua trajetória no Jornal do Commercio marcou uma época no colunismo social e foi capaz de inspirar outros profissionais que seguiram seus passos anos depois. A dedicação e atenção aos atores culturais locais foram outras características de Alex nos anos em que exerceu com tanto afinco a profissão."
Fonte: Com informações do Jornal do Commercio