“Quem teria orgulho de um pai, que veio do Sertão da Paraíba para tentar uma vida melhor na capital e criar seus três filhos? Quem teria orgulho de um pai, que se formou depois dos 50 em curso superior de carreira tão competitiva? Quem teria orgulho de um pai, deficiente físico que enfrentou preconceitos e falta de acessibilidade na faculdade? Quem teria orgulho de um pai, assalariado que nunca deixou faltar nada em casa? Quem teria orgulho de um agricultor filho de agricultor, que foi aprovado no exame de ordem dos advogados? Quem não tem orgulho do senhor meu pai? Como não ter orgulho do senhor? Se até os seus amigos se orgulham! Parabéns por provar mais uma vez para o mundo que não há limites para um sertanejo!”
A postagem acima mostra a comemoração do filho do senhor Delson Ferreira Leite, um homem que foi capaz de mostrar para sua cidade e para o mundo que com o esforço da busca é capaz de se chegar à vitória.
A história desse senhor se confunde com diversas e outras histórias de pessoas que, assim como ele, espalhadas por cada recanto deste país, buscam vencer na vida através dos estudos, mas acima de tudo, através da busca incessante de alcançar seus objetivos, independente de quão sejam grandes as suas adversidades para vencer.
Delson Ferreira saiu da cidade de Conceição ainda jovem e foi tentar ganhar a vida no Estado do Mato Grosso do Sul, onde aprendeu a profissão de eletricista, não sabendo ele que era justamente nessa profissão que se estabeleceria o seu sofrimento e o marco para o recomeço. Durante um trabalho, Delson Ferreira sofreu um choque elétrico, que resultou na amputação de um braço e uma perna. Depois de passar 30 dias em coma, o sertanejo acordou para iniciar a sua dura e dolorosa jornada de tratamento.
Impossibilitado de trabalhar, Delson retornou para a cidade de Conceição, para ser cuidado pela sua família. Com o passar dos tempos, ele conseguiu se adaptar à perna mecânica, voltou a andar e resolveu morar na cidade de João Pessoa, onde sozinho construiu sua própria morada à base de muito esforço e perseverança.
Aos 45 anos, o conceiçãoense resolveu voltar para a faculdade. Ele conseguiu o FIES e foi cursar Direito na Universidade Maurício Nassau. As adversidades continuavam na vida Delson Ferreira, pois na faculdade não havia acessibilidade nos elevadores para pessoas com sua deficiência. Com isso, ele precisava chegar cedo para pegar o elevador, mas quando não chegava na hora certa, era obrigado a subir pelas escadas mesmo.
Outro drama
A vida do senhor Delson estava mesmo marcada por adversidades. Certo dia, um incêndio de um veículo no estacionamento da universidade provocou o maior corre-corre. O tumultuo de pessoas correndo impossibilitou sua descida pelo elevador. Com isso, ele teve que descer pelas escadas e por várias vezes caiu e tombou escada abaixo, enquanto várias pessoas também desciam numa agonia frenética.
Com o trauma do tumultuo, o conceiçãoense acabou adquirindo a síndrome do pânico. Com isso, ele teve que fazer um tratamento com um psicólogo para voltar para a universidade. E, mesmo com todo esse sofrimento ele conseguiu se formar em Direito. Depois disso, começava mais uma batalha na sua vida: passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. E a luta continuava.
E, aos 59 anos, durante esta semana a notícia mais gratificante: Delson Ferreira Leite, enfim foi aprovado na OAB e se tornou, de fato e de direito, advogado.
A vitória desse sertanejo vem sendo comemorada por todos os seus familiares e amigos, desde o recebimento da notícia.
Filhos
O filho dele Joab Furtado Leite é especialista em direito previdenciário e trabalhista. Atua nas áreas do Alto Sertão, nas cidades de Conceição, Bonito de Santa Fé e Itaporanga. Começou sua carreira trabalhando em fábricas como operador de produção, passando a ser funcionário público do município de Santa Rita. Ele conta com vasta experiência no ramo.
Já o outro filho, Denis furtado Leite é o fundador da Sociedade. Tem vasta experiência nas diversas funções do mercado. Atuando diretamente no atendimento aos clientes bem como na organização funcional dos estabelecimentos.
Gilberto Ângelo – Vale do Piancó Notícias