Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 28 de junho
Originário do velho “partidão”, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, hoje filiado ao PSDB, resolveu consultar a população para avaliar a opinião dela sobre os protestos que estão ocorrendo em várias cidades do país pela melhoria dos serviços públicos. A queixa dos jaboatonenses não deve ser diferente da queixa dos recifenses, dos olindenses, dos cabenses, dos caruaruenses ou dos petrolinenses. Mas o prefeito faz questão de ouvi-los, nas urnas, para decidir o que fazer.
A consulta será dividida em três etapas para que tenha resultado concreto. A primeira é a eleição propriamente dita que está prevista para acontecer no dia 12 de julho próximo. Naquela data, urnas estarão espalhadas por todos os bairros da cidade para que o cidadão possa “eleger” os principais problemas do município: má qualidade da educação e da saúde, precariedade das escolas, transporte público, limpeza urbana, sujeira de canais, a imundície do mercado de Cavaleiro, e por aí vai.
A segunda etapa consistirá na sistematização desses reclamos tal qual procedeu o PSB quando patrocinou o seminário “Todos por Pernambuco”, em 12 diferentes municípios do interior, para elaborar o programa de governo do governador Eduardo Campos. E a terceira e última será a realização de uma grande plenária, com representantes dos movimentos sociais, para dizer ao povo o que pode e o que não pode ser feito com recursos da prefeitura. Ouvir o povo é sempre bom e nada custa.
O silêncio – A mídia tem cobrado uma posição de Lula sobre as manifestações de protesto que estão ocorrendo em várias partes do Brasil. Mas como ele não é mais presidente e sequer faz parte da direção do PT, tudo que disser sobre o assunto corre o risco de ser mal interpretado.
O protesto – Estudantes de Carpina resolveram também ir às ruas, hoje, para participar de um protesto contra o prefeito Carlinhos do Moinho (PSB). Eles dizem que o prefeito está fazendo um São João “milionário” mas não paga uma gratificação a que os professores teriam direito.
O calote – Depois que o presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, acusou prefeitos do interior de estarem contratando médicos por um preço superior ao que podem pagar, para depois darem “calote”, choveram denúncias contra os Hospitais Regionais de Afogados da Ingazeira (Emília Câmara) e de Arcoverde (Rui de Barros Correia), que também estariam na lista dos “caloteiros”.
A correria – Entidades médicas prometem fazer uma paralisação nacional no próximo dia 3 para protestar contra a importação de médicos para trabalhar no interior Brasil. O efeito desse anúncio já pode ser notado em diversos municípios do interior de Pernambuco. Médicos que só davam três dias de expediente nas unidades do PSF, agora se oferecem para trabalhar os cinco.
O reforço – O governo Eduardo Campos abriu crédito suplementar ao Orçamento Fiscal do Estado no valor de R$ 81.720.000,00 em favor do Funafin (Fundo de Aposentadoria e Pensões dos Servidores Públicos). Como o Fundo é deficitário, é o Estado que paga as aposentadorias.
A corrupção – Pressionado pela “voz rouca” das ruas, o Senado aprovou projeto de autoria do senador Pedro Taques (PDT-MT) tipificando a corrupção como “crime hediondo”. Mas será que o cara convictamente corrupto está preocupado se a pena a que está sujeito é de 2 ou 20 anos?
O saldo – Sobrou para o deputado-secretário Isaltino Nascimento (PT) a conta dos protestos contra a Banda Calypso que se apresentou no último dia 24 na programação junina de São José do Egito. Ele teria patrocinado a Banda por ser aliado político do prefeito Romério Guimarães (PT). E não esperava protestos contra a cantora Joelma, acusada de ter preconceito contra gays.
A capacitação – Rara é a semana em que a Secretaria de Ciência e Tecnologia não autoriza a viagem de professores da UPE (Universidade de Pernambuco) ao exterior para participarem de congressos, seminários ou cursos de especialização. As últimas autorizações foram para Portugal e Bulgária.
É direito – A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou a PEC 90, de autoria de Luíza Erundina (PSB-SP), reconhecendo o transporte público como “direito social”. Seria o 1º passo para a implantação do “passe livre”, proposta em que o Consórcio Grande Recife não quer nem ouvir falar.
