Foto: reprodução/facebook pessoal
O relato por escrito Brunna Dias Ribeiro, de 19 anos, nas redes sociais teve mais de 30 mil curtidas e mais de 8 mil compartilhamentos. A estudante do curso de letras da Universidade Federal de Pernambuco e professora de português, redação e literatura em um colégio particular do Recife ainda guarda no rosto a marca da agressão sofrida na última sexta-feira (9).
A agressão aconteceu na Praça do Derby, no bairro de mesmo nome, na área central da capital pernambucana. Apesar de ter acontecido à luz do dia, ninguém socorreu Brunna ou interceptou a agressão.
Em entrevista exclusiva à Rádio Jornal na noite deste domingo (11), a professora espancada afirmou que não foi respeitada em nenhum momento, nem recebeu ajuda. A jovem afirma que os agressores “aparentavam ser pessoas normais, que não usam drogas.
A estudante diz que o mais grave é a naturalização do fato. “Além de agredida eu fui assaltada. Eu não fui agredida por que ele queria um bem material meu. Fui agredida por que não respondi uma cantada”, diz. “Todo dia a gente escuta gracinha na rua, psiu, cantada. E a gente é ensinada a escutar calada”, diz. “Eu fiquei calada. Ainda assim eu fui agredida”, lamenta.
Para ela, é preciso combater a violência que acontece todos os dias e que já não se sente segura em nenhum lugar, com nenhum homem. “Eu virei uma estatística”, diz.
Brunna diz que só prestou queixa do assédio e na agressão na delegacia virtual no dia seguinte por que no dia da agressão estava em estado choque. A orientação foi dada pela delegacia de Olinda, cidade em que a jovem mora.
ENTENDA O CASO
Foto: reprodução/facebook pessoal
Brunna passava pela Praça do Derby, na volta do trabalho para casa, quando um grupo de rapazes abordaram com frases de cunho sexual. A professora não revidou, mas, mesmo assim foi cercada por um dos jovens, que a agrediu com soco.
Brunna Dias Ribeiro conta que, já no chão, acabou sendo novamente esbofeteada pelo rapaz que estava acompanhado de dois amigos. Depois, o agressor roubou o dinheiro da vítima, derrubou seus pertences da bolsa e deixou a Praça do Derby sem ser incomodado.
Agora, o que a professora quer é que o agressor seja identificado e punido como determinam as leis. Até lá, algumas etapas precisam ser superadas, a começar pela estrutura dos órgãos de segurança pública.
A vítima diz que tem condições de reconhecer o autor da agressão física iniciada por uma cantada na Praça do Derby, mas não os outros agressores. Brunna Dias Ribeiro afirma que a sociedade não pode ficar de braços cruzados com tanta violência contra a mulher.
Nas redes sociais, são comuns os relatos de mulheres denunciando o machismo e a cultura do estupro. A gerente geral de promoção a cidade segura para as mulheres da prefeitura do Recife, Tadzia Negromonte, analisa o episódio: “os homens acham que são donos dos corpos das mulheres e podem dispor desse corpo. Isso está dentro de uma cultura do machismo que está impregnada em cada um de nós”. “A gente não consegue mudar de um dia para o outro. É preciso trabalhar desde a criancinha sobre as questões de gênero.