domingo, 6 de abril de 2014

A decadência do forró Santa-cruzense.

Já faz alguns anos que o forró sofreu mudanças em sua compostura, o forró predominante hoje é caracterizado como forró estilizado, em outras descrições, forró eletrônico, ou até mesmo ''forró pop'', enfim, a verdade é que o forró mudou, e muito.

Não foi só a estrutura instrumental do forró que mudou, o complemento de suas composições também passou por mudanças drásticas, arrisco dizer que hoje em dia o forró não precise mais ter letra, ele pode ser falado ao invés de cantado, com frases e palavreado baixo, que exortam principalmente a desfiguração da família, a desvalorização da mulher, ao consumo de álcool sem precedentes, promiscuidade e a um estilo de vida capitalista, ou mais conhecido como ''ostentação''. Basicamente todo o Nordeste passou por esse processo degenerativo do forró, e Pernambuco é claro, não ficou de fora.

Isso se deu também ao fato dos avanços nos meios de comunicação, um bom exemplo é a internet, grande responsável pelo crescimento dessas bandas, onde a informação corre rápido, e onde não se faz nenhuma seleção do que ouvir. A internet criou os ''gravadores de show'', que gravam os show's dessas bandas, sem nenhuma estrutura de qualidade nem requerimentos legais, gerando assim áudio em cima de áudio, e disponibilizando para serem baixados na web.

Pois bem, temos nós aqui em Santa Cruz, bons representantes desse sensacional estilo forrozeiro, para não dizer outras coisas mais, entretanto, esse parece ser o estilo que mais agrada essa nova geração, simplesmente porque são os mais requisitados na região, por produzirem com excelência o forró em suas mais baixas formas sócio-culturais.

As chamadas ''bandas'' hoje são montadas sem nenhuma estrutura musical, pois geralmente é composta por músicos que não procuram aperfeiçoar seu desenvolvimento cultural, o faz de todo o conjunto uma coisa não tão agradável de se ouvir.

Em conversas com populares descobri que a insatisfação não é única, pois muitos tem um pensamento parecido a respeito do assunto. E para não ficarmos com uma conversa distante, vamos nos aprofundar mesmo em Santa Cruz do Capibaribe;

Em relação aos músicos, boas parte jamais ouviu falar de teoria musical, isso é preocupante já que o forró é um estilo de musica progressiva, ou seja, que se repete muito o mesmo acorde.

Em relação aos vocalistas, falta uma coisa essencial, voz! Ora, tenhamos bom senso, quem nasceu com o dom de cantar, nasceu, quem não, deveria procurar outro estilo de vida, ou pelo menos buscar uma forma de aperfeiçoar a voz, para isso existem escolas de canto, etc.

Bandas santa-cruzenses, o que dizer delas? Enquadradas nesse padrão de que precisam nascer de novo estão como exemplos, Zero Bala e Forró na Fama,

Duas bandas que vieram a existir simplesmente porque os criadores sismaram que queriam ter uma banda, falta músicos, falta letra, falta voz...

Bidinga do Acordeon; ''Bidinga como cantor é um excelente sanfoneiro'' (Leitor do Blog).

Mas, nem tudo é decadência, vamos aos que ainda levam, o autêntico e bom forró aos ouvidos Santa-cruzenses;

Há quem sinta saudade da banda Saara, uma banda já extinta de Santa Cruz do Capibaribe, que por muitos anos tocou o forró em um dos seus melhores momentos.

Hoje ainda existem remanescentes do autêntico forró em Santa cruz do Capibaribe, o forró com letra, com estrutura musical, o forró em sua expressão de exaltação a terra amada, ao amor, a paixão. 

Bons exemplos são; a banda ''Garota Dengosa'', que ainda insiste no forró, hoje já chamado de forró das antigas, uma banda que ainda possui os requisitos básicos de banda, como vocal, músicos e entrosamento harmônico.

Temos o ''Forró no Kilo'' que tem a frente como vocalista e também dominante de instrumentos de percussão, o Nilton Sal, outro bom exemplo de conjunto musical, um som que lembra-nos ainda do bom e velho forró, a banda também passeia facilmente em outros estilos, como o Xôte e o Baião.

Enfim, isso resume um pouco do que temos hoje em Santa Cruz no quesito forró, é preocupante, pois o amanhã ainda é desconhecido para o forró, se em dez (10) quinze (15) anos, chegamos a esse ponto, o que será daqui a outra década?

Fica ai uma questão em pauta...