sexta-feira, 13 de abril de 2018

UM ANO APÓS TRANSPOSIÇÃO, MORADORES DO CARIRI DA PARAÍBA SOFREM SEM ÁGUA.


Um ano após a chegada das águas do Rio São Francisco, os moradores do Cariri da Paraíba ainda não sentiram os efeitos da transposição. O Ministério Público Federal (MPF) visitou cidade de Monteiro, divisa com Pernambuco, e ouviu uma série de queixas dos moradores do município, que é o ‘berço’ do Velho Chico em terras paraibanas. A principal reclamação é a falta de água nas torneiras, apesar do volume em abundância no canal. O material colhido pelo MPF foi transformado em um pequeno documentário (confira no final da reportagem).

A inspeção visual do MPF aconteceu no final de março e contou com a participação de engenheiros e de técnicos de segurança do órgão. Durante a visita foi constatado, por exemplo, que algumas condicionantes das licenças prévias e de instalação da obra não vêm sendo cumpridas na integralidade.

O MPF averiguou a degradação na área do Rio Paraíba, que recebe a carga do São Francisco, esgoto a céu aberto nas proximidades do manancial e também pessoas tomando banho nas proximidades do canal, apesar das placas de risco de afogamento. O problema maior, no entanto, foi mesmo a falta de água nas torneiras.

 “Cadê a água nossa, do São Francisco, que vinha para nos abastecer, para tirar a gente desse sufoco? Cadê a nossa água tão prometida?”, indaga no vídeo do MPF, o morador da Rua do Limão, identificado como Marcos. “Quase nada não melhorou, a transposição é boa para muita gente, mas para a gente não mudou muito não”, completa. Segundo Marcos, os moradores da área dependem há mais de 20 anos de um poço. “A gente pensou que a transposição fosse uma coisa maravilhosa, mas infelizmente a dificuldade ficou. Trouxeram água para o reservatório, mas não chegou para a gente”, completa.

O morador Aguinaldo Freitas contou ao MPF que o processo da transposição também afetou poços na região, gerando dificuldades econômicas. “Os poços secaram. Eu criava animais, tinha plantação de palmas. Secaram 48 poços, as famílias (que faziam uso deles) viviam de agricultura familiar e hoje não vivem mais”, ressaltou.

O MPF disse que vai encaminhar o vídeo ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para que o órgão tome providências, seguindo um acordo firmado entre os órgãos em fevereiro.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Integração Nacional e com a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) para que os órgãos comentassem o documentário do MPF, mas nenhum dos dois deu retorno.


Fonte: Cariri em Ação / Jornal da Paraíba/Foto: Reprodução google

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