quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O futuro de Altair Teixeira de Moura, 46 anos, dono da empresa Império do Forro de Bolso, em Santa Cruz do Capibaribe, está nas mãos da Justiça. É a 3ª Vara Criminal de Caruaru que vai decidir se as investigações ficarão a cargo da Polícia Civil ou da Federal. O delegado Erick Lessa, da 14ª Regional disse ter pedido à Justiça as "medidas necessárias", sem detalhar, no entanto, o que isso representa.

Ao ser indagado se, entre as medidas solicitadas está a prisão preventiva do empresário, o delegado se esquivou. "Todos os pedidos foram encaminhados à Justiça de Pernambuco", resumiu. A decisão deve sair até esta quinta-feira (20).

A Polícia Civil já ouviu quatro funcionários dos galpões, uma prima de Altair e a esposa dele, Maria Neide Teixeira, que representa o filho do casal na sociedade, pois o garoto é menor de idade.

Em depoimento, os funcionários admitiram não utilizar equipamentos de proteção individual, como luvas.

Altair prestou depoimento na 2ª Delegacia de Polícia de Caruaru até o início da noite. Ele despistou a imprensa e saiu pela garagem da unidade. Mais cedo, ele prestou depoimento na Polícia Federal.

Em diligências nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, a Polícia Civil encontrou nesta quarta-feira (19) tecidos com inscrições de hospitais, mas não detalhou os nomes das lojas onde o material foi visto.

O inquérito da PF foi aberto na terça-feira (18), no Recife. De acordo com informações da Polícia Federal, ele está sendo tratado como investigado e entregou voluntariamente o seu passaporte.

Em entrevista mais cedo, o advogado de Altair, Guilherme Lima, afirmou a inocência de seu cliente e o colocou como "vítima" da empresa de exportação nos Estadados Unidos, identificada como Texport Inc, de quem compra desde o início das atividades da empresa, em 2009. O advogado garantiu que o lixo hospitalar encontrado em dois contêiners na semana passada vieram "por engano". "Foi constatado pelo importador que aquele lixo hospitalar não foi comprado por ele. Aquilo não é dele. Na verdade, ele fez uma encomenda à empresa exportadora de tecidos novos. Aquilo que se encontra dentro dos contêineres, ou foi engano ou alguma outra coisa. (Mas) não posso me estender numa explicação do que não conheço. Pedimos à Polícia Federal que investigasse o comportamento da alfândega americana por ter deixado sair aquele tipo de produto dos Estados Unidos e investigasse a exportadora porque remeia um produto que é de exportação proibida, que não serve para o negócio do meu cliente", garantiu.

O advogado salientou mais de uma vez durante a entrevista coletiva que concedeu após o depoimento de Altair na Polícia Federal que a realidade dos tecidos encontrados nos contêineres é diferente daquela dos tecidos que estão nos galpões da Império do Forro de Bolso. "Esse cenário de Suape não foi a mercadoria que ele encomendou. Se veio criminosamente ou por engano, quem tem que explicar é o exportador e a alfândega americana. Com relação ao que foi apreendido pela polícia, é outro cenário. Podia vir nome de hospital, nome das Forças Armadas, podia vir Mickey Mouse, Cinderela... Isso aí é o seguinte: grandes corporações, quando encomendam (as peças), já pedem que venham com a impressão da sua logomarca. Depois, no controle de fábrica, se a impressão da logomarca mancha, se no processo fabril, rasga, ou se no processo de tecelagem sai algum defeito no tecido, esse produto não vai ser entregue. Esse produto de segunda linha vai ser vendido para insumo de outra coisa como, por exemplo, forro de bolsos, que é a indústria da Na Intimidade (nome verdadeiro da Império do Forro de Bolso)", detalhou.

Guilherme disse que o envio dos tecidos contaminados para os Estados Unidos não depende apenas da vontade da empresa, mas de "vias diplomáticas". O advogado disse ainda que seu cliente estava escondido até agora por medo da reação das pessoas na cidade. Ele afirmou que Altair está sob efeito de medicamentos, que os filhos dele não têm ido à escola pois estão sendo vítima de bullyng e que a esposa do empresário está em tratamento domiciliar.

GOVERNADOR - O advogado de Altair Teixeira rebateu as declarações do governador Eduardo Campos que, na terça-feira (18), disse que iria "botar as coisas no seu devido lugar, separar o joio do trigo. Separar quem foi bandido e quem é empreendedor sério". "Acho que dificilmente o governador tenha se referido a Altair Teixeira de Moura como bandido porque o governador é um homem experiente, prudente. Não se anteciparia à polícia. Ele não é polícia. Mas, realmente, a gente tem que separar o joio do trigo. Há que se encontrar quem é o bandido nessa história. Certamente ele não vai ser encontrado aqui".

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