segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Eduardo Campos deve desculpas aos americanos?

O escândalo de reutilização de lixo hospitalar em peças de roupa ou vendidos como lençóis inteiros começa a se transformar em um problema essencialmente brasileiro com a divulgação pela PF de que o sócio da Texport Inc., exportadora dos materiais irregulares, é cearense. O seu nome é mantido em sigilo pela polícia. Ele residiu legalmente nos EUA por alguns anos, mas retornou ao Brasil. Na operação realizada na última terça-feira, foram encontrados na sua residência, R$ 57 mil e US$ 1.900 em espécie.

“Como ele teve participação na remessa dessa carga (lixo hospitalar) para o Brasil e tem conhecimento da irregularidade que é trazer esse material, também vai responder pelos crimes apurados pelo inquérito”, explicou o superintendente regional da PF em Pernambuco, Marlon Jefferson de Almeida. Segundo os documentos da Texport analisados até então, ela só trabalhava com a exportação de artigos têxteis.

Na Eldorado Shopping de Tecidos, importadora pertencente ao irmão do dono da Texport, a PF encontrou mais dinheiro vivo (R$ 268 mil), além de lençóis com manchas suspeitas e nome de instituições hospitalares dos EUA – vestígios iguais aos presentes nas 46 toneladas de lixo que estão no Porto de Suape e às amostras coletadas nos depósitos da NA Intimidade, no Agreste de Pernambuco. O material também será alvo de perícia do Instituto Nacional de Criminalística (INC).

Os dois irmãos continuam em liberdade, assim como Altair Teixeira de Moura. O diretor de Combate ao Crime Organizado da PF em Pernambuco, Nilson Antunes, explicou que não há interesse para as autoridades locais em saber como a Texport Inc. atuava nos EUA. “Todas as informações obtidas pela polícia americana estão sendo compartilhadas conosco e as nossas com eles. As investigações podem acusar, entretanto, que ela tinha outros clientes no Brasil”, acrescentou.
Na última segunda-feira, a Alfândega de Suape autorizou a devolução dos dois contêineres de lixo hospitalar ao Porto de Charleston, na Carolina do Sul, EUA, contando com a anuência de autoridades americanas. A previsão é de que o retorno ocorra na primeira quinzena de janeiro.
Os três depósitos da NA Intimidade Ltda. estão fechados há mais de dois meses e seus 34 funcionários foram demitidos. Já a loja de tecidos Fortaleza continua funcionando.
PF confirma sangue em tecidosA Polícia Federal (PF) confirmou ontem que havia sangue nas amostras de tecidos recolhidas nos três depósitos da NA Intimidade Ltda., no Agreste do Estado, nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru. As peças foram importadas dos EUA, enviadas pela Texport Inc., empresa que as investigações revelaram ser comandada por um cearense. A companhia foi constituída em 2000 e teria apenas dois clientes no Brasil: a NA Intimidade e a Eldorado Shopping de Tecidos, sediada em Fortaleza – uma loja têxtil cujo dono é irmão do proprietário do grupo americano.

Nas palavras do delegado responsável pelo inquérito, Humberto Freire, “os exames periciais confirmaram que muitas das manchas eram de fluídos biológicos humanos, dentre eles sangue”. Dessa forma, estariam configurados os três crimes apurados pela PF: ambiental, contra a saúde pública (pois os trabalhadores manusearam os materiais) e contrabando (já que resíduos hospitalares são proibidos de entrar no Brasil). Juntos, os delitos prevêem uma pena de 11 anos de prisão.

O advogado aduaneiro e representante da NA Intimidade no caso, Gilberto Lima, optou por não comentar as revelações da PF até que o laudo seja oficialmente divulgado. O delegado Humberto Freire informou ainda que não é possível afirmar se a empresa pernambucana reutilizava lixo hospitalar desde o início de suas operações, em 2009, já que só podem ser usadas como provas materiais as amostras recolhidas no último mês de outubro.

Em depoimento, lembrou o diretor de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF em Pernambuco, Nilson Antunes, o empresário Altair Teixeira de Moura informou que negociava as importações com um intermediário brasileiro que conheceu pela internet. Esse foi o primeiro indício, explicou, de que o representante poderia ser, na verdade, o responsável pela empresa - o que foi confirmado ao longo das investigações.

As investigações entram agora na reta final. Comprovado que as mercadorias são lixo hospitalar, a apuração se debruçará sobre a movimentação financeira e comercial da NA Intimidade, a fim de elucidar como o grupo empresarial, com menos de dois anos de atuação, se transformou na maior empresa do ramo de forro de bolso do Polo de Confecções, levando à falência pelo menos dois concorrentes.

Segundo depoimentos informais de empresários do setor de retalhos, a Na Intimidade vendia um bolso feito sob medida por R$ 5 o quilo, quando o mercado vendia o retalho, sem acabamento, por, no mínimo, R$ 8. Outro fato intrigante é como Altair obteve recursos para promover a expansão da sua empresa, já que estaria com o “nome sujo” nos serviços de proteção ao crédito. Ou seja, não poderia obter financiamentos para incrementar suas operações comerciais.

Segundo ele alega no processo em trâmite na Justiça estadual, ele foi incluído como fiador de um empréstimo no Banco do Brasil em 2009 indevidamente, já que havia terminado a sociedade que possuía com dois irmãos na empresa Forrozão dos Retalhos, mantida entre 2001 e 2008. O empréstimo não foi pago e Altair entrou com uma ação judicial para obter indenização por danos morais.

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